PRÉ-LEITURA, LEITURA E PÓS-LEITURA
Inserido em 2009-10-26  |  Adicionar Comentário




 

 

1. Na aula de Português a leitura é, como lembra o Professor Brandão Carvalho, «o domínio privilegiado» não só como «objecto de ensino» mas também como «meio transmissor de conteúdos». Por seu lado, a Professora Isabel Margarida Duarte lembra que existe um «padrão da aula de Português» que passa pelas seguintes fases: leitura de um texto com umas perguntas de compreensão retiradas dos manuais, identificação de algumas figuras de estilo «desgarradas do sentido do texto», classificação morfológica de «algumas palavras», tudo isto correspondendo a um tipo de aula que a investigadora diz ter observado frequentemente.
Já Luís Prista, muito recentemente, escreve que «O ensino da leitura ainda será pouco preparado. Não aparecem explicitados objectivos específicos de leitura, nem há notícias de tarefas que condicionem o tipo de leitura que o professor pretende treinar. O investimento maior continuará a incidir no momento de controlo após a leitura, aparentemente em questionário oral. Ocorre também a resposta por escrito a questionários do manual, creio que sobretudo como tarefa adicional.»

2. O novo programa de Português para o ensino básico apresenta várias sugestões didácticas que muito poderão contribuir para mudar este estado de coisas. Refere:
a) «Estratégias de compreensão antes de iniciar a leitura de um texto ou obra»;
b) «Estratégias de compreensão durante a leitura»;
c) «Estratégias de compreensão depois da leitura».

Assim, para a), um texto pode ser apresentado aos alunos permitindo-lhes, com base em determinados indícios linguísticos ou icónicos, lançar hipóteses sobre o seu conteúdo temático ou sobre a sua tipologia; para b), pode verificar-se se as hipóteses apresentadas se concretizam ou não, distinguir informação essencial e acessória, explicitar o sentido global do texto, etc.; actividades para a fase c) são, por exemplo, o resumo de um texto ou a expressão de opiniões sobre uma obra lida.


Apresentamos, em anexo, um exemplo destas actividades, acompanhadas de sugestões didácticas e relacionadas com o texto/notícia – “Professora agredida por aluno por causa de um telemóvel” (consultado no Jornal de Notícias on-line).

Pronuncie-se e envie-nos a sua opinião sobre a pertinência de se incluir no manual actividades didácticas que apoiem a leitura por etapas, de acordo com a sugestão da actividade em anexo.

Continuamos a contar com os seus contributos!

Considera importante que o manual de Português de 7.º ano integre actividades que prevejam estratégias pedagógicas de pré-leitura, leitura e pós-leitura, destinadas a favorecer uma eficaz compreensão da leitura?

Sim! É indispensável que o manual contemple estratégias de pré-leitura, leitura e pós-leitura.
Não! É dispensável que o manual contemple estratégias de pré-leitura, leitura e pós-leitura.


Participe, enviando-nos os seus comentários e as suas sugestões, usando os links «VOTAR» e «COMENTAR».

A Equipa

 

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Por uma questão de rigor, gostaríamos de acrescentar que as actividades de pré-leitura não devem ser identificadas como actividades de motivação para a leitura em geral. Perante determinado texto, são actividades de pré-leitura as que apresentam aos alunos elementos textuais para eles indicarem hipóteses sobre o conteúdo do texto, a sua tipologia, etc. Qualquer actividade que não parta do texto não é de pré-leitura mas de motivação para a leitura. Podemos dizer que toda a pré-leitura é motivação, mas nem toda a motivação é pré-leitura. Sobre este assunto sugerimos, por exemplo, a obra de referência, muitas vezes reeditada em Espanha e no Brasil, Estratégias de Leitura, de Isabel Solé, Porto Alegre, Artmed, 1998 (6.ª edição brasileira). Interessa, particularmente, o capítulo 5, «Para compreender... Antes da leitura», pp. 89 e ss. Votos de um bom trabalho! A Equipa