LER POESIA NA SALA DE AULA:
BALADA DA NEVE

Inserido em 2009-11-09  |  Adicionar Comentário
Picatsso, Bruce Gray
Picatsso1. Como é sabido, a poesia tem por vezes sido tratada, no 3.º ciclo, como uma espécie de parente pobre: relegada, frequentemente, para o final dos manuais, logo, para o final do ano lectivo, a sua abordagem centra-se, por vezes em demasia, em aspectos técnicos e formais: rimas, estrofes, descurando-se o que a investigação especializada tem denunciado: o investimento numa relação afectiva dos alunos com a poesia através de actividades centradas na sua matéria-prima: as PALAVRAS, nas suas dimensões sonoras, musicais, semânticas, principalmente.

2. Há quem continue a pensar que a poesia é algo de inefável e misterioso, etéreo, sentimento… Será tudo isso, mas é muito mais. Pensamos que se devia falar muito mais na sala de aula em POEMA do que em POESIA.

3. Falar em POEMA implica um olhar sobre um produto construído com o intelecto pelo poeta, profundo conhecedor das palavras, cujo trabalho consiste em seleccioná-las e combiná-las no verso, nos versos, no POEMA. E esse produto incidirá tanto mais no nosso espírito, no dos alunos, quanto mais bem construído estiver. Ele provoca e faz aparecer os nossos sentimentos de leitores menos por ter sido construído através do sentimento do poeta do que por ter sido elaborado com recurso à sua inteligência sensível.

4. Há alguns sinais de que a abordagem da poesia na sala de aula pode estar a mudar – por exemplo, já aparecem manuais que a apresentam disseminada; achamos bem, embora entendendo que um manual não pode deixar de ter uma secção a ela consagrada.

5. O novo programa de Português para o Ensino Básico não apresenta uma secção dedicada especificamente à poesia. Contudo, na página 4, indica uma iniciativa que constitui um complemento importantíssimo do programa: o Plano Nacional de Leitura. Uma visita ao site –tão útil quanto labiríntico – do PNL, leva-nos ao encontro de um documento da autoria de Luísa Matos, intitulado «A Poesia na sala de aula», extremamente importante para se fazer da aula de poesia uma aula que favoreça uma forte relação AFECTIVA entre alunos e professores e poemas. As actividades que este documento – elaborado com base na obra da canadiana Jocelyne Giasson, Les Textes Littéraires à l’École, Boucherville (Québec), Gaetan Morin Éditeur, 2000, p. 193 e ss. – apresenta, podem, efectivamente, contribuir para que essa relação se estabeleça e, mais ainda, perdure pela vida fora. Não será, por certo, com o estudo árido das rimas interpoladas ou dos dísticos e dos tercetos que esses objectivos serão atingidos.

6. Actividades variadas para ler poemas, discutir sentidos, dizer/memorizar poemas, escrever/reescrever poemas podem contribuir fortemente para que a poesia permaneça e liberte:

«É uma grande ajuda libertadora, na adolescência ou na idade adulta, encontrarmos na nossa memória, guardados desde a infância poemas que aprendemos de cor e dos quais gostámos…São de uma grande ajuda, especialmente quando somos postos à prova por uma dor que não podemos exprimir. Como os reencontramos com reconhecimento, a esses poemas!... É este tesouro interior que faltará toda a vida aos que os professores não iniciarem no conhecimento dos poetas.»

7. No nosso projecto procuramos tratar a poesia, os poemas, tendo com horizonte estas palavras sábias de Françoise Dolto.


Apresentamos algumas sugestões de actividades sobre a didáctica do texto poético – “A poesia na sala de aula”, texto de Luísa Matos, Professora na ESE de Lisboa. A par deste documento, disponibilizamos um exemplo prático dessas indicações de leitura, o poema Balada da Neve, de Augusto Gil.
Todos os documentos estão disponíveis, em versão pdf, no post, na área de recursos de apoio e no inquérito.

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1. Considera vantajoso que o manual ofereça indicações didácticas adequadas à leitura de poemas, à semelhança do exemplo do documento anexo?
- Sim.
- Não.


2. Das diferentes modalidades de leitura sugeridas no ponto 3 do documento anexo, indique as que melhor conseguiria concretizar com alunos do 7.º ano.
- Formas de ler poemas em voz alta.
- Antologia gravada.
- Ilustrar um poema.
- Dramatizar um poema.
- Reconstituir um poema fragmentado.
- Dar um título ao poema.
- Resolver um poema-adivinha.
- Filmar um poema
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A Equipa
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Os alunos, normalmente, sentem alguma estranheza quando lêem poesia, e principalmente, quando se aconselha a uma leitura com o coração. Assim, inicio a trabalho de poesia com música do próprio poema cantado ou passo uma música de fundo que entendo ser adequada. Também gosto de associar ilustrações/pinturas, entregar versos soltos de um poema para os alunos encontrarem o seu sentido, sem a preocupação de o montar tal como foi ascrito pelo poeta. Todo este tipo de actividades tem tido um efeito positivo, principalmente quando todos cantamos uma poesia.