A EXPRESSÃO ESCRITA:
DOS PROGRAMAS À PRÁTICA LECTIVA

Inserido em 2009-12-14  |  Adicionar Comentário

No fórum desta semana lançamos a debate o tema «expressão escrita». Colocamos algumas questões em torno das práticas habituais de trabalho desta competência e da sua capacidade de resposta ao programa. Além disso, damos sugestões sobre como trabalhar a expressão escrita com os alunos e lançamos exemplos de algumas práticas activas e produtivas, nomeadamente as oficinas de escrita.

1. Dos programas: de facto, o actual programa de Português já aponta num sentido muito claro quando lembra que «As actividades de aperfeiçoamento de texto constituem uma alternativa à correcção e classificação efectuadas exclusivamente pelo professor e uma oportunidade de interiorização, pelos alunos, de mecanismos de autocorrecção.»

Sabemos que a prática ao longo dos anos de vigência deste programa não terá sido propriamente esta. Pelo contrário: o que se fez – e faz ainda frequentemente – consiste em o professor levar textos para casa e lá os «corrigir», isto é, apor-lhes uma classificação. O que nada aproveita ao aluno, como os próprios professores facilmente reconhecem quando em formação.

2. Formação: quando, em formação, são confrontados com a «alternativa» proposta no programa ainda em vigor, concretizada em materiais provenientes de oficinas de escrita, os professores aderem, querem experimentar…

3. Outro dos motivos que está na origem de fracos desempenhos dos alunos prende-se com o tempo dedicado à escrita na sala de aula: reduzido, muito reduzido, como os professores em formação e confrontados com as suas práticas reconhecem.

4. O PPEB lembra que se deve dedicar ao treino das várias competências tempos equivalentes. No caso da escrita, no 3.º ciclo, deveriam realizar-se, pelo menos, duas oficinas de escrita em cada período, cada uma com duas aulas de 90 minutos sequenciais.

4.1. O que fazer antes das oficinas, durante as oficinas, e depois dos textos terminados?

- Definir objectivos para a aula de escrita, ensinar a planificar – basta fazê-lo uma vez no início do ciclo, numa aula de 90 minutos –, apresentar propostas de escrita significativas, eventualmente variadas para responder à diversidade dentro da turma, acompanhar os alunos durante a textualização/revisão, facultando-lhes indicações de reescrita precisas, claras, localizadas, que lhes permitam
autocorrigir-se
, aprender efectivamente.

- Finalmente, promover a divulgação dos textos: o PPEB apresenta várias sugestões a este respeito.

5. Dificuldades: a mais invocada pelos professores em formação diz respeito a considerarem difícil acompanhar a textualização/revisão de todos os alunos. Ora 28 alunos não são necessariamente 28 textos, podem ser 14, desde que se criem pares nos quais ambos escrevem; podem até ser menos, se o professor organizar aulas nas quais uns escrevem sob sua orientação – os que mais precisam – enquanto outros trabalham outra competência.

6. Um exemplo: nos anexos OE1 a OE5 pode observar-se a evolução de um aluno de 8.º ano numa oficina de escrita de dois blocos de 90 minutos. Estes materiais são muito apreciados por professores em formação. Concretizam o que, com tanta felicidade, propõe o PPE, na página 149, relativamente ao ensino processual da escrita: «A releitura e o aperfeiçoamento são operações que fazem parte do próprio processo de escrita e que permitem alcançar os níveis de correcção e adequação indispensáveis aquando da divulgação dos textos. Neste trabalho de revisão, feito autonomamente, com o professor ou em colectivo, os alunos repensam ou discutem sentidos, clarificam ideias, reorganizam escritos, corrigem erros, mobilizando conhecimentos linguísticos e comunicativos… O apoio do professor neste tipo de trabalho é decisivo no que diz respeito à interiorização de mecanismos de autocorrecção.»


O nosso «Presente» de Natal
...

António Vilas-Boas, co-autor deste projecto, tem dedicado muito do seu trabalho à formação na área da escrita com incidência nas oficinas de escrita. Frequentemente desloca-se às escolas para orientar oficinas de escrita – aula de 90 minutos – na presença de professores em formação. No presente ano lectivo o seu calendário de formação está bastante preenchido. Futuras deslocações às escolas serão aqui publicitadas.
Contudo, disponibiliza-se para dinamizar oficinas da escrita nas escolas dos participantes deste fórum. Se a sua escola estiver interessada, independentemente da zona do país, contacte-nos pelo endereço port7@sebenta.leya.com. Tentaremos satisfazer o seu pedido!

Poderá visualizar aqui algumas fotografias que testemunham uma oficina da escrita dinamizada pelo autor.


Durante catorze semanas, animámos este fórum com temáticas relacionadas com o ensino do Português e a sua relação com o nosso projecto escolar em construção.
Com o tema «expressão escrita», encerramos a programação do ano de 2009. Regressaremos com mais assuntos para debate no dia 04 de Janeiro de 2010.

Até lá, gostaríamos de continuar a acolher os seus comentários! A sua opinião é condição sine qua non para a construção deste nosso manual de Português de 7.º ano!

Desejamos a todos os membros desta comunidade manualescolar 2.0 umas boas-festas e um próspero ano de 2010!

Partilhe com esta comunidade manualescolar 2.0 a sua opinião sobre a importância do processo de produção escrita na sala de aula, em oficinas de escrita, e comente a relevância de que esta prática se reveste, também à luz do que o PPEB defende para a formação do aluno, usando os links «COMENTAR» e «VOTAR».


A Equipa
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Este ano já experimentei uma oficina de escrita, mas não a terminei devidamente pelo tempo que demorou. Efectivamente, defendo a necessidade das oficinas, mas penso que precisamos de desmembrar a turma em blocos, conforme se tem vindo a falar. Esta prática exige muito de nós e dos próprios alunos e requer alguma calma e ambiente de trabalho que se conseguirá com a divisão da turma.