O CEL NO MANUAL DE PORTUGUÊS
Inserido em 2010-01-11  |  Adicionar Comentário
O programa de português atribui um papel importante à compreensão dos mecanismos da língua, o que confere ao CEL, tanto no 3.º como nos demais ciclos de ensino, um particular relevo.

De facto, e tal como preceitua o Programa, esta competência envolve duas vertentes essenciais: “o conhecimento sobre os factos da língua e a terminologia que os designa e a sua mobilização em situações de uso, ou seja, o seu reinvestimento nas restantes competências.”(NPPEB, pág.151) Pretende-se, portanto, que o aluno vá progressivamente transformando a sua gramática implícita (o seu conhecimento intuitivo da língua) num saber organizado e explícito, que poderá  transpor para situações concretas tanto em momentos de aprendizagem como em contextos reais de comunicação quotidiana.

O processo de reflexão sobre a língua deverá ser desenvolvido através de actividades que se apoiem nos conhecimentos já adquiridos, sustentadas no princípio da progressão, e cuja consolidação se fará através de um trabalho articulado com os domínios da oralidade, da leitura e da escrita.

O programa alerta ainda para a necessidade e importância de haver, neste processo de consolidação de saberes, momentos específicos de treino na aula em que as questões do conhecimento explícito da língua são tratadas autonomamente.

No nosso manual, procurámos que o processo de reflexão sobre a língua se articulasse com as diversas competências.


No caso da leitura, essa articulação faz-se não apenas através de linhas orientadoras que a enunciam explicitamente em cada abordagem de um texto (ex: “Práticas de compreensão de leitura e de conhecimento explicito da língua”), mas sobretudo pelo reinvestimento de conteúdos linguístico-gramaticais trabalhados em textos ou sequências anteriores.

Esse reinvestimento ocorre tanto através de instruções específicas destinadas a conduzir ao reconhecimento de palavras ou estruturas gramaticais (por exemplo, conjunções/locuções subordinativas) como a solicitar a sua imediata aplicação e consolidação, através do oral ou da escrita. Ocorre ainda através do tratamento, ao nível do texto, dos elementos linguístico gramaticais que promovem a sua coerência e coesão - «relações intratextuais» na designação do programa.

O recurso que se anexa é um exemplo de uma actividade CEL, relativo à coerência e coesão textuais.

Dê-nos a sua opinião sobre este tema e sobre a pertinência de incluirmos no nosso projecto actividades semelhantes à do anexo, usando os links «COMENTAR» e «VOTAR».


A Equipa
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Comentários (9)
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Cara Dra. Elisabete Barrosa, uma vez mais agradecemos a sua sempre pertinente participação!
Pois quanto ao que pergunta: parece-nos que mais importante que andar a «dar» terminologia é, neste caso da linguística textual, apresentar aos alunos, nos vários componentes do manual, exercícios que mostrem com as anáforas, por exemplo, funcionam no interior do texto, mostrar-lhes com um (...)
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Cara Dra. Sónia Pais, obrigados pela participação! Tem toda a razão no que diz, e o que diz vai ao encontro do que preceitua o programa. No nosso projecto temos muitas actividades para o trabalho autónomo. Se optámos, neste momento, por divulgar esta perspectiva de integração do CEL no acto de compreensão de leitura, foi porque nos pareceu, até com base na experiência como form (...) [Comentário completo]
Para alcançar todos os saberes ligados à competência da leitura é necessário um grande trabalho com o Conhecimento Explícito da Língua que será o principal suporte nas diferentes tarefas a realizar. Os conteúdos do Conhecimento Explícito da Língua são os alicerces indispensáveis ao aperfeiçoamento dos desempenhos nas restantes competências e também como objecto de aprendizagem em si (...) [Comentário completo]
A proposta de abordagem ao CEL é bastante inovadora e, na prática, consciencializa, de facto, os alunos para as relações intratextuais, para os mecanismos de coesão e de coerência, importantes ao nível das várias competências, desde a leitura à escrita. Em relação à terminologia, como pensa a equipa nomear todos os instrumentos que urdem essa teia de relações intratextuais? No 10.º (...) [Comentário completo]
Considero bem estruturado o exercício apresentado pela equipa. Contudo, o manual que tem o seu foco nos alunos, como é desejável, não deve contraiar as orientações do programa, no que respeita ao tratamento do CEL. Apesar de este progredir, ao longo da vida de um indivíduo, ele deve ser treinado, sistematizado, até se tornar automatizado. Por outras palavras, proponho a coexistên (...) [Comentário completo]
É fundamental que o CEL seja sempre contextualizado com a competência da leitura e que ajude a compreender o tecido discursivo. Defendo que a abordagem da gramática deve ser feita sempre a partir do texto explorado na aula e deve conduzir o aluno a reflectir sobre as aprendizagens que vai realizando com esse estudo.
Coesão | Enviado Por: Lurdes Ferreira
Como este ano lecciono 10.º  e 11.º, verifiquei que os alunos têm muitas dificuldades na estruturação de um texto, mesmo quando dominam os conhecimentos que devem expor. Essas dificuldades decorrem do desconhecimento dos mecanismos de estruturação de um texto. Numa das últimas aulas, realizei um exercício semelhante ao apresentado pelos autores do manual com alunos do 10.º a (...) [Comentário completo]
Congratulo os autores do manual pela pertinência e qualidade das actividades propostas (texto incluído!), muito na linha das que são parte integrante das provas de aferição internacionais (PISA e afins). A promoção deste tipo de actividades, através de um recurso sobejamente utilizado, como é o manual de LP, parece ser uma estratégia eficaz para treinar os alunos e abandonar de vez (...) [Comentário completo]
Ainda bem que se referiram as «relações intratextuais» tão importantes para uma verdadeira compreensão de leitura e às quais o programa dá visibilidade. O estudo de cadeias de referência - ilustradas no exemplo - ou das conexões interfrásicas é fundamental para essa compreensão. E é aqui que tantos alunos falham. Nos estudos internacionais sobre literacia os nossos alunos são bons a (...) [Comentário completo]