Como vimos em post's anteriores, o novo programa de português do ensino básico atribui uma importância particular ao conhecimento explícito da língua (CEL) quer o seu estudo se faça isoladamente quer em relação com as restantes competências.
Pretende-se que na sala de aula se criem situações diversificadas de aprendizagem que conduzam os alunos a uma progressiva consciência dos mecanismos do funcionamento da língua e mobilizem o saber daí resultante para novas situações de uso.
No caso da oralidade, importa que as acções a realizar coloquem os alunos em contacto com actividades de compreensão oral (escuta activa) e com alguns dos géneros públicos e formais do oral, como a exposição, a entrevista ou o debate.
Importa que os alunos oiçam e saibam reconhecer o que ouvem e que, num momento posterior, reinvistam na expressão oral o conhecimento adquirido. Os géneros públicos e formais do oral favorecem, por seu turno, a interacção que é, na prática, a síntese dos processos anteriores.
Neste quadro de treino das competências da oralidade na sala de aula, que contributos pode trazer o CEL à melhoria das capacidades de compreensão e de expressão?
- Em primeiro lugar, e no caso da compreensão, este contributo ganha relevo pelo direccionamento da escuta não apenas para sentidos globais (a prática mais enraizada), mas sobretudo para sentidos mais específicos, nomeadamente os conectores e os marcadores ou organizadores do discurso que permitam depois o seu reinvestimento na expressão (numa exposição ou num debate, ou numa simples resposta).
- Em segundo lugar, pelo fornecimento de material linguístico próprio de cada tipologia discursiva que apetreche o aluno para as diversas situações de comunicação/interacção com que se confronta na sala de aula, ou com que se virá a confrontar na vida activa. Saber iniciar uma conversa, acrescentar um argumento a um outro, contrapor uma ideia, manifestar discordância, solicitar a palavra, etc., são alguns dos actos de fala que pressupõem um saber interiorizado que se pode (e deve) aprender na sala de aula.
É importante ainda referir que a criação de situações de compreensão oral deve ter ao seu serviço os meios TIC/multimédia, hoje amplamente disponíveis e que tão familiares são aos alunos, visto que permitem, por exemplo, gravar/filmar exposições/intervenções orais e proceder à sua imediata avaliação e respectivo feedback.
No nosso manual procurámos direccionar a escuta sobretudo para a compreensão de sentidos específicos, que possam ser depois reinvestidos em situações de uso (expressão) ou noutras competências, como a escrita, por exemplo.
O exemplo que fornecemos em anexo prevê que o professor prepare a turma para a actividade, de modo a que se predisponha a ouvir. A também poderá fazer-se com o acompanhamento de uma audição/visionamentoficha/grelha de escuta activa que, de forma sequenciada, apresenta tarefas destinadas à verificação da compreensão global (é importante que o aluno perceba o que ouviu) e direccionadas a sentidos específicos (detecção/reconhecimento de conectores, por exemplo) para posterior sistematização e reaplicação em situações novas.
Dê-nos a sua opinião acerca deste tema e sobre a pertinência de incluirmos no nosso projecto actividades semelhantes às dos anexos, usando os links «COMENTAR» e «VOTAR».A Equipa