PRODUTIVIDADE NA AULA DE PORTUGUÊS
Inserido em 2010-02-22  |  Adicionar Comentário
1. É hoje facilmente aceite que uma grande maioria dos alunos não estuda em casa.
Por isso, deverão existir modos de os fazer estudar, memorizar, treinar na sala de
aula.

2. Não chega construir o conhecimento com os alunos na sala de aula. Nem todo
o conhecimento precisa de ser construído; nem todos os alunos precisam de construir conhecimento; muito conhecimento precisa de ser bem transmitido. E depois de compreendido, precisa de ser treinado, memorizado.

3. A memorização é hoje um imenso campo de batalha no Ensino Básico – na aula de Português também. Muitos responsáveis já perceberam que ou há memorização ali, ou
não há.

4. Estudos preparatórios do lançamento do novo programa mostram que os alunos que frequentam o primeiro ano de cursos universitários de Letras não estão tão preparados quanto o que seria desejável no que respeita ao CEL! A falta de conhecimentos que existia há 20 anos.

5. O programa, perante esta realidade, alerta para a necessidade de haver momentos de estudo do CEL não em contexto somente, mas centrado em conteúdos declarativos – os chamados «exercícios de gramática» na tradição escolar. Tradição que se perdeu com as consequências que hoje vemos.

6. Os nossos alunos não sabem porque não estudam ou estudam pouco, é certo, mas uma prática mais incisiva e estruturada na sala de aula poderia levar a melhores resultados.

7. A aula de Português é regulada pelos manuais. Estes não parecem, por norma, trazer exercícios CEL suficientes para que o treino e a memorização ocorram.
Os Cadernos de Actividades nem sempre contribuem eficientemente para isso. Ambas as publicações têm limites físicos.

8. Entendemos que fazer com que a aprendizagem da gramática ocorra, passa pela apresentação aos alunos de baterias de exercícios que, pela repetição e pelo treino, levem à memorização. Estes materiais podem ser criados pelos professores como complementos do manual. De preferência, em conjunto, como prática colaborativa.

9. Não se enveredando por este caminho, não se aumentando deste modo a produtividade na aula de Português, aceitando o manual como o grande regulador da aula de língua materna, corremos o risco de, daqui a 20 anos, termos os nossos alunos no mesmo nível actual de desconhecimento do CEL.

10. Apresentamos algumas baterias de exercícios elaborados para o 7.º ano no ano lectivo de 2007/2008…

Poderá aceder ao link do post Uma subunidade do manual... «Bilhete com foguetão», Ondjaki para se pronunciar a respeito da subunidade «Bilhete com Foguetão» que disponibilizámos para experimentação em sala de aula.

Para nos enviar a sua opinião sobre o tema «Produtividade na aula de Português» e os respectivos materiais anexos, poderá fazê-lo através do link «COMENTAR».

A Equipa
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Comentários (10)
(Comentário mais recente)
Semelhantemente à colega Lurdes Ferreira, também os meus alunos estudam algumas das classes de palavras, através da memorização, tais como as preposições e as conjunções. Rapidamente os alunos as aplicam em adequado contexto, compreendendo o que estão a aplicar. Relativamente ao comentário da colega Aurora Gomes, apenas gostaria de frisar que deve citar correctamente as frases dos colegas, ou palavras por eles usadas. Quando me refiro a imagens, fi-lo no enquadramento de suporte e não com o carácter de "animar" como menciona. São objectivos e termos perfeitamente distintos. Bom trabalho a todos. [Comentário completo]
As propostas apresentadas foram pensadas de forma a dar aos alunos a ideia de que todos merecem um ensino diferenciado e que nem todos estão no mesmo patamar. A equipa que os concebeu está de parabéns! É importante pois que a prática de exercícios de CEL torne os nossos alunos mais conscientes do correcto uso da língua materna e percebam o seu funcionamento. Nós como professores de Português temos a responsabilidade de levar a sério este novo desafio e devemos dar os nossos contributos para encontrar respostas eficientes para o problema da iliteracia gramatical actual. [Comentário completo]
É reconfortante "ver" operacionalizada a ideia de diferenciação pedagógica, sobretudo quando no dia-a-dia nos deparamos com essa necessidade e não sabemos "para que lado nos havemos de virar". Agora "vejo" como se pode fazer. É claro que para aqui chegar e para dar continuidade a um trabalho de diferenciação como este é preciso muito tempo (o "dar trabalho" é relativo!), mesmo muito tempo! Num dos comentários, falou-se em falta de tempo: concordo com a existência desse obstáculo, por muito que tentemos gerir bem e equitativamente o tempo pelas várias competências. Mas creio haver outro "senão": o elevado número de turmas e níveis da nossa carga horária, que é notório em escolas mais pequenas, como a minha. Numa escola de 600 alunos, temos de preparar "aulas diferenciadas" para, pelo menos, três níveis de ensino e para 6 ou 7 turmas (acresce a tudo isto uma família para cuidar, o "viver" em família, que é tão bom e tem, tantas vezes, de ficar para segundo plano!!). Por muito que queiramos e por muitos materiais que elaboremos, é difícil dar resposta a todas as necessidades dos nossos alunos. Fica aqui mais um "queixume" e, também, mais uma vez, um voto de agrado relativamente ao vosso trabalho. [Comentário completo]
Cara colega Paula Moura, o projecto terá em conta a diferenciação pedagógica. Votos de um bom trabalho!
Muito bem conseguidos, os materiais agora apresentados. Apreciei particularmente a ideia de diferenciação (positiva) que os estrutura. Discordo, contudo, de algumas das opiniões entretanto apresentadas por algumas colegas. Por que não incluir as soluções no final do manual se isso contribuir para o estudo autónomo dos alunos? Quanto à inclusão de ilustração para "animar" os exercícios, não me parece, decididamente, uma boa ideia. [Comentário completo]
CEL | Enviado Por: Lurdes Ferreira
Na realidade, quando eu fiz o estágio, parecia quase "pecado mortal" ensinar gramática. Veiculava-se a ideia de que o conhecimento da língua era intuitivo, que a gramática tinha de ser um breve momento da aula, sempre articulada com o texto, que não adiantava obrigar os alunos a memorizarem (o importante era que compreendessem). Conclusão: nos últimos anos, os alunos compreendem tudo, mas como não estudam, não fixam e, consequentemente, não sabem aplicar. Eu lamento, mas nos últimos anos cometi muitos "pecados mortais" e continuarei a cometê-los. Aos meus alunos peço que memorizem preposições, advérbios, conjugação verbal... e não me tenho arrependido. A capacidade de memorização também necessita de exercício e os nossos alunos exercitam-na de modo insuficiente, porque ninguém os obriga a exercitá-la. Normalmente, explico aos meus alunos que a gramática é essencial para compreenderem melhor os textos e escreverem melhor e demonstro-lhes isso. Nada se aprende sem treino e estudo; os alunos têm de exercitar na aula e de estudar em casa. E dizer isto, nos dias de hoje, está "fora de moda". Espero que o novo manual facilite a tarefa do professor neste domínio, apresentando vários exercícios e não colocando soluções nos cadernos de actividades. [Comentário completo]
Os alunos portugueses estão a chegar ao ensino universitário com défices a diversos níveis, o que não é exclusivo dos cursos de Letras. Há que repensar modelos de ensino, a nível estrutural. A iniciar no pré-escolar. Portanto, há outras conclusões a tirar, que não as gramaticais... Defendo o ensino do CEL isoladamante, desde sempre. A contextualização é feita posteriormente. Quanto aos recursos deixados, creio que mesmo os enunciados de diferenciação pedagógica poderão evitar repetições. E usar algumas imagens como suporte, seria mais enriquecedor. O essencial, contudo, está lá: o treino gramatical. [Comentário completo]
Analisei os materiais e faz todo o sentido a diferenciação das actividades por níveis. Não percebi se este género de actividades vai aparecer no manual que está em construção, ou não.
Cara Colega, a equipa também gostaria que houvesse mais um bloco de 90 minutos por semana. Contudo, entende que, mesmo no actual quadro, se pode fazer mais na sala de aula, se houver melhor gestão do tempo. É sabido que a maior parte do tempo é dedicada aos exercícios de leitura que refere - prática tradicional induzida pelos manuais escolares. E nem sempre se trata de trabalho sobre uma verdadeira compreensão de leitura - mas isso é outra questão. O que nos parece de facto importante é que o tempo de que dispomos seja gerido mais equilibradamente, repartindo-se por todas as competências. Agradecemos o seu interesse! [Comentário completo]
Concordo quando se diz que os nossos alunos não estudam em casa ou estudam pouco. Efectivamente, isto é mais do que notório no dia-a-dia. Também concordo que devemos reforçar o trabalho na sala de aula, no entanto gostaria de saber se os colegas não sentem que o tempo é pouco para tudo. Realizo muitas actividades de leitura com os alunos, claro que a aprendizagem de conteúdos referentes ao CEL não são desperdiçados, tudo deve ser trabalhado, mas sinto-me com falta de tempo. Gostava de ter não dois, mas três blocos semanais com cada turma. Aí acho que poderia realizar actividades formativas de forma mais sistemática e talvez não tivesse necessidade de pedir para as realizarem em casa ou então solicitaria menos vezes. Sublinho que não sou contra o trabalho autónomo de casa e que devemos pedir sempre alguma coisa, nem que seja uma pequeníssima actividade. [Comentário completo]