Para que uma troca verbal possa cumprir os seus objectivos comunicativos, os interlocutores devem seguir um conjunto de regras que implicitamente conhecem, embora não sejam capazes de as enunciar explicitamente.

Assim, se num diálogo um dos intervenientes usar um léxico excessivamente elaborado ou expressões ambíguas, o outro terá lhe pedir que clarifique o significado do que quis dizer para que a conversa possa continuar. Do mesmo modo, o diálogo tenderá a prolongar-se excessivamente ou a acabar repentinamente se um dos participantes for palavroso em demasia ou muito lacónico, ou então se o modo como trocam informações for inadequado à situação de comunicação ou ao estatuto que cada um deles possui.

Para regular as trocas verbais, Grice estabeleceu o princípio da cooperação, organizado em quatro categorias (quantidade, qualidade, relação e modo), as quais por sua vez se compõem por máximas conversacionais que os interlocutores devem respeitar.

Daqui decorre que, numa conversa, os interlocutores devem ser verdadeiros, não devem dizer o que acreditam ser falso (máxima da qualidade), os seus contributos não devem ser mais informativos que o necessário (máxima da quantidade), a informação deve ser relevante (máxima da relação) e devem ser claros, isto é, evitar a ambiguidade e a prolixidade (modo).

Nas aulas de Português, o conhecimento destas máximas conversacionais é particularmente útil para o aluno se (auto)disciplinar nas interacções verbais planeadas, particularmente em debates ou intervenções orais e também na construção escrita de respostas suscitadas por questões de leitura. Neste segundo caso, o professor pode prevenir o aluno para a desnecessária prolixidade, solicitando-lhe uma intervenção breve e concisa.

O desrespeito pelo princípio da cooperação conduz a implicaturas conversacionais que podem gerar algum embaraço ou terminar mesmo com a conversa, embora por vezes provoquem situações divertidas. Tratá-las-emos num próximo post.

Em anexo segue um pequeno exemplo sobre estas máximas.

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