O TRABALHO AUTÓNOMO COM O CEL
Inserido em 2010-05-31  |  Adicionar Comentário
Abstract Painting by Robin Ann Walker
O novo programa de português para o ensino básico dá uma importância muito particular ao conhecimento explícito da língua (CEL). Considera que o trabalho a desenvolver na sala de aula se deve fazer de modo a ser reinvestido nas restantes competências, defendendo em simultâneo que nela também se devem criar momentos em que o CEL seja explicitamente trabalhado de forma autónoma.

Esta necessidade deriva do pouco relevo que tem sido dado ao estudo da gramática nos programas escolares das últimas décadas, o que tem conduzido a aprendizagens muito precárias mesmo em domínios muito básicos como a identificação de classes de palavras, identificação de funções sintácticas ou explicitação de regras de pontuação.

Esta constatação levou a que nos documentos que apoiam a implementação do NPPEB se assuma a nuclearidade do CEL, o que implica “abordagens autónomas, com tempo e centradas no desenvolvimento desta competência” (GIP, CEL, pág.11).

Ao fazê-lo, os alunos poderão trabalhar sobretudo as regularidades da língua (e não as excepções) partindo do conhecimento implícito que dela têm, de modo a serem capazes de o explicitar e de terem consciência dele. Um bom domínio da língua obtém-se tanto mais quanto melhor for o conhecimento explícito que se tiver das regras gramaticais, mesmo das mais simples.

Um bom exemplo do que acabamos de dizer atesta-se nas produções escritas através do mau uso da pontuação, em particular da vírgula. Se soubermos que a maioria dos casos de uso de vírgula são de natureza sintáctica, bastar-nos-á conhecer que:

1) não se coloca vírgula entre sujeito e predicado e
2) que o verbo e seus complementos não são separados por vírgulas para que frases como “os conhecimentos de natureza gramatical, são fáceis de obter” e “O professor falou, de forma brilhante sobre poluição” não apareçam mal pontuadas.

O trabalho autónomo serve ainda para criar automatismos ou para aprendizagem de conceitos menos intuitivos ou que não se podem conhecer de forma implícita e que terão, por isso, de ser ensinados explicitamente.

Anexam-se três documentos que apresentam actividades isoladas dirigidas a alunos com dificuldades específicas (classes de palavras e sintaxe).

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A Equipa
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Antes de mais, gostaríamos de lhe agradecer as observações relativamente às actividades de CEL anexas ao post e com as quais contamos poder melhorar o nosso trabalho. O facto de nos seguir com atenção estimula-nos ainda mais na criação de mais e melhores actividades para os nossos alunos. Há, no entanto, algumas afirmações que nos merecem alguns reparos: 1. Os exemplos apresentados são assumidamente actividades isoladas e sem nenhuma espécie de contexto, em que a instrução mais marcada é a repetição e mecanização de determinadas etiquetas. De facto, não lhes estão associados nenhuns descritores de desempenho, nenhuma definição de conhecimentos prévios, nem tão pouco se indica se se trata de uma actividade de construção de conhecimento, de treino ou de avaliação. 2. Estas actividades não pretendem ser (nem são) exemplos dos “laboratórios” de língua tal como aparecem sugeridos no GIP-CEL, com percursos devidamente estruturados, tais como os que refere, de forma a que o conhecimento se construa e se consolide através de uma estratégia de pequenos passos. 3. Actividades como as apresentadas podem, apesar de menos “robustas” ou “inteligentes”, desempenhar um papel na aprendizagem e na construção de conhecimento dos alunos que, como bem compreende, não se faz apenas com longos e por vezes infindáveis processos que, por tão longos e infindáveis, se arriscam a perder-se no seu próprio labirinto. São actividades cujo principal objectivo é a memorização na sala de aula, num tempo em que o estudo em casa é o que sabe. 4.Enquanto formadores do NPP criamos e ajudamos a criar actividades de cariz laboratorial com CEL absolutamente convictos de que, sem dogmatismos nem precipitações neo-didácticas, devidamente adequadas às situações e às necessidades de aprendizagem, elas ajudarão a formar alunos mais conscientes do que aprendem e a produzir falantes/leitores/escritores mais competentes. Têm, no entanto, de ser utilizadas com a prudência e o discernimento necessários para evitar que rapidamente se transformem em “modismos” ou, pior que isso, na mezinha que vai finalmente trazer a luz ao numeroso mundo dos deserdados da gramática. Isto mesmo é, aliás, salientado no próprio GIP-CEL e também por responsáveis que não deixaram de – honestamente – lembrar que há vários métodos para ensinar gramática. 5.De qualquer modo, agradecemos a sugestão e consultaremos menos distraidamente os GIP até agora produzidos assegurando-lhe, desde já, que encontrará no projecto que virá a publicar-se propostas de percursos didácticos inovadores e potenciadores de construção e consolidação de conhecimento, à semelhança dos que aparecem nos GIP. Esperando continuar a contar com o seu contributo, A Equipa