NOVO PROGRAMA: CONTINUIDADE OU RUPTURA?
Inserido em 2009-09-18  |  Adicionar Comentário



A relação entre o novo programa e o de 1991 é, sem dúvida, de continuidade e de aprofundamento. Às cinco competências do de 1991 correspondem agora outras tantas; para a necessidade de se tratarem as competências de um modo integrado alertam ambos. O novo programa aprofunda o anterior no apontar de percursos didácticos que tornem a aprendizagem, portanto as aulas, mais activas e motivadoras para os alunos.

 

O novo programa de Português aponta para uma aula activa, na qual se trabalhem de modo articulado as diferentes competências, uma aula na qual se ensine a ler e não se avalie somente a competência de compreensão de leitura; uma aula na qual se ensine a escrever e não se exija somente a escrita; uma aula que tenha tempos para momentos formais de oralidade e que não se fique pelo oral lúdico e não planificado; uma aula, enfim, na qual o conhecimento explícito da língua esteja significativamente ao serviço do desenvolvimento das outras competências e não seja leccionado de um modo estanque: «-Já dei as conjunções causais!». Posso dormir descansada/o…

Para que este tipo de aula e esta mentalidade mudem, muito pode contribuir o manual escolar.

O que deve ser o novo manual de Português?

É um segredo por todo conhecido que a generalidade dos professores de Português conhece mal os programas. O novo programa de Português a essa realidade se refere quando lembra que «os manuais não devem sobrepor-se aos programas, como com alguma frequência se verifica» (p. 9).

Um manual escolar de Português deve ser construído de raiz sobre um novo programa e não adaptado do manual anterior, situação que por vezes acontece.

Um manual escolar de Português deve ser um auxiliar pedagógico do programa, um entre outros. Mas a escola portuguesa é avessa a considerá-lo desse modo, antes o entendendo, tantas vezes, como o próprio programa!

De qualquer modo, um manual escolar de Português construído com base no novo programa deveria ter um carácter muito prático, com baterias de exercícios numerosas, que permitam aos alunos trabalhar e aprender na sala de aula, já que fora dela não o fazem, por regra; deveria trabalhar as diferentes competências de um modo integrado e não estanque, como com frequência se constata; deveria apresentar uma grande variedade de tipologias textuais, como o programa preceitua, e não centrar-se quase só no texto narrativo, com nefastas consequências para o desenvolvimento da competência de compreensão de leitura; deveria apresentar o estudo do conhecimento explícito da língua ligado intimamente ao das outras competências, de modo a que a gramática apareça com um carácter funcional, isto é, de modo a que os alunos vejam que saber gramática os pode ajudar a compreender melhor o que ouvem, a expressar-se tanto oralmente como por escrito com mais correcção, a compreender efectivamente o que lêem.

Finalmente, um manual escolar de Português deveria dar especial atenção à diferenciação pedagógica.

Se for tudo isto, um manual escolar de Português vai por certo fazer crescer também os docentes como profissionais.

A propósito dos assuntos abordados, associamos a este post o actual Programa de Língua Portuguesa do 3.º ciclo e três referências bibliográficas. Disponibilizamos estes mesmos documentos na área «Recursos de Apoio»!

Concorda com as características que apontamos para o novo manual de Português?
Sim
Não

Vote e envie-nos o seu comentário.

A Equipa

Bookmark and Share
Um dos pressupostos preconizados pelo Novo Programa é a valorização deste, independentemente dos recursos didácticos utilizados pelo professor. Entre estes, inclui-se o manual escolar. Este último não deve, jamais, sobrepôr-se ao Programa, propriamente dito. As expectativas face ao novo manual incidem sobre a flexibilidade que este poderá oferecer ao aluno, no âmbito do desenvolvimento das competências específicas, nos diferentes ciclos de ensino. Aposta-se numa relação activa dos professores com o Novo Programa, pelas suas características.